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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

“Não querem deixar o Hip Hop crescer”

Por: DJ Raffa

Não querem deixar o Hip Hop crescer!

Alguns dias atrás recebi um e-mail de uma pessoa que nem conheço mais que estava revoltada com o rap nacional e seus principais representantes. Entre duas palavras que escrevia uma era de xingamento. A revolta era tão grande que ninguém escapou de sua língua afiada e todos eram vendidos e mercenários. Lendo o e-mail eu disse pra mim mesmo como estamos ainda longe de fazer entender alguns... como posso dizer adeptos e seguidores do Hip Hop que a revolução não se faz só com meias palavras mais sim com verdadeiras ações no dia a dia, nas suas comunidades, na sua cidade e porque não pelo seu país! Mais aqueles que criticam na maioria das vezes temem a evolução e na verdade vivem no comodismo de não fazer nada e nunca estão satisfeitos com nada mais também não fazem por onde para mudar a situação. E Incrível como alguns de nos que temos a responsabilidade de ser representantes da cultura Hip Hop, como temos que nos esforçar quase que diariamente para mostrar para aqueles que deveriam ser nossos aliados o quanto somos do bem, que fazemos algo pela nossa comunidade, que os projetos que realizamos são no intuito de um crescimento para todos e não só para nos mesmos. Não agüento mais esse pensamento mesquinho que ninguém pode ganhar dinheiro com o Hip Hop que já e vendido! Que ninguém pode ter um cachê digno que já e mercenário! Que ninguém pode se destacar na mídia que já e traidor! Enquanto houver esse pensamento só vamos regredir e nunca evoluir. Agora só porque o meu parceiro MV Bill e candidato a Senador vão querer arrumar um monte de denúncias infundadas sem provas, vão escrever um monte de calunias, vão aparecer um monte de amigos falsos e vão querer associar um monte de coisas que não existem! Porque será que nessa cultura ninguém pode se destacar?... A inveja e um mal podre que infelizmente consome a nossa cultura. Ninguém pode fazer nada, se destacar um pouco que já e um filho da...! Ao invés das pessoas escreverem matérias incentivando um guerreiro que vai ter que se expor para tentar enobrecer o nosso Senado tão desgastado, não, só sabem criticar! Queremos colocar um legítimo representante que e o Bill, que não tem que provar nada pra ninguém, e mesmo assim aqueles que se dizem aliados ficam desconfiados! Engraçado que a oposição que são os reacionários, “coronéis”, empresários, falsos políticos, corruptos, brancos burgueses safados por enquanto nem estão falando nada! Mais os que deveriam ser aliados já estão querendo atrapalhar ate mesmo antes da hora. MV Bill para Senador! Porque não? Vamos dizer ao contrario! Vamos dizer SIM!

DJ Raffa


Reforma do Estado e Cultura Política

Respeite o Hip Hop

Antropólogo e Cientista Político A crença dominante é a seguinte: para construir um país mais justo, com governos mais eficientes, com menos corrupção e violência, é preciso punir mais e com penas mais longas, o que, por sua vez, deve ser precedido pela promulgação de leis que ampliem os mecanismos de controle sobre a sociedade e o Estado. Quanto a este último, o senso comum diz que é necessário inibir desvios de conduta, impondo regras rígidas para que seus atos se tornem mais compatíveis com o respeito ao interesse público.

Em tese, soa perfeito. Na realidade, não é o que acontece. Tomemos o caso do Estado e da extensa e meticulosa legislação a que se submete o executivo, em todas as esferas –federal, estadual e municipal. Cada nova lei que visa impedir a transgressão provoca, paradoxalmente, a qualificação dos criminosos e a valorização do crime, tornando-o mais atraente. O interesse transgressor não cede ante a nova barreira, mas é levado a sofisticar seus procedimentos e refinar o preparo técnico de seus “operadores”. O cálculo de custo e benefício acaba compensando, porque, se o aumento do risco encarece o crime, o preço cobrado a quem contrata o serviço transgressor também se eleva, tornando o negócio mais lucrativo. Em suma, na medida em que se expande a malha de controle, cresce a disposição de transgredi-la e se aprimora a capacidade de fazê-lo. O tráfico internacional de drogas e o prosaico contrabando, o teatro das licitações e as leis sobre convênios são exemplos conhecidos.

Depois de ter passado os últimos dez anos atuando nas três esferas do executivo, posso dar o testemunho de que o que parece lógico e quase indiscutível, quando se vê de fora, é irracional e destrutivo, visto de dentro. É isso, mais do que as diferenças ideológicas, que explica o choque freqüente dos gestores públicos contra membros do Legislativo, sintonizados com o senso comum das ruas, mas ignorantes das armadilhas do controle normativo (e do aparato institucional que lhe dá suporte e conseqüência). E é por isso que quando as oposições chegam ao governo adotam as soluções que antes criticavam. Não é uma traição a princípios, mas a indispensável adaptação a uma realidade imperiosa, que castra sem piedade a criatividade e a eficiência, produzindo governos abúlicos sem que a corrupção seja sanada. Um exemplo: as diversas modalidades de terceirização. Em teoria, trata-se de um mau caminho. O melhor seria que o Estado funcionasse, valorizasse seus profissionais, garantisse condições adequadas de trabalho e gestão. Mas os governos retrocederiam ou fechariam as portas se tivessem de renunciar aos convênios que terceirizam, quando não privatizam.

Para falar francamente: governar é quase inviável. Ser eficiente, no governo, é inviável, salvo nas áreas em que a sobrevivência nacional abriu picadas para a oxigenação –a Fazenda, o Banco Central e alguns poucos setores, nas distintas esferas. O processo de democratização, gradualmente, com o propósito de prevenir o autoritarismo e de apagar a memória sombria de Leviatã, amarrou o Estado em uma camisa de força. Atire a primeira pedra quem assumir a responsabilidade de governar o país sem medidas provisórias, quem se comprometer a prover os serviços públicos sem recorrer a organizações sociais, Ocips, Ongs ou aos mediadores internacionais. Os críticos da terceirização e da privatização não conhecem a realidade --se assumirem o poder estarão condenados a repetir seus adversários.

A conseqüência desse argumento deve ser o fim de toda a regulamentação e de todo bloqueio normativo? Deve ser a capitulação e a entrega do Estado à voragem privatista? Deve ser o triunfo do laissez-faire, justamente quando o liberalismo anárquico naufraga, tragado pela crise mundial, gerada pela desregulamentação irresponsável? Não. Nada disso. É necessário, em nome da justiça e da democracia, defender o Estado e fortalecê-lo, mas isso não se faz bradando velhos slogans e tapando o sol com a peneira. Para revigorar o Estado, impõe-se transformá-lo, profundamente, liberando-o de amarras artificiais e apostando mais na transparência, na mídia livre, na participação social e nas eleições do que no aparato controlador. Não podemos continuar nessa via: para proteger a honestidade, estamos alimentando a corrupção; para salvaguardar o Estado dos interesses privados, estamos liquidando sua capacidade administrativa.

Agora, o outro lado da moeda: é nesse contexto que devemos entender as dinâmicas em curso na sociedade. O fisco sufoca os empreendedores. O empregado negocia soluções informais com seu patrão, porque precisa trabalhar. O pequeno empresário tem de escolher: dar três empregos informais ou um, formal. As boas instituições são as que convertem vícios privados em virtudes públicas, e não as que, inutilmente, se devotam a corrigir os indivíduos. Como julgar as micro-decisões dos milhões de brasileiros que, na selva dos controles normativos e ante a voracidade da exação fiscal, encarando o desafio que é sobreviver, buscam opções menos onerosas e mais econômicas, sem cometer qualquer crime? Nesse ponto, creio que todos podemos atribuir o verdadeiro significado ao ato de Celso Athayde e MV Bill: negociar, licitamente, os direitos autorais de um de seus livros com uma empresa legalmente instituída (o que ela faria em outras áreas de atuação não se tinha como saber) para que ela represente os autores no contrato com a editora, fazendo com que se tornasse possível recolher impostos como pessoa jurídica, em vez de como pessoa física. Qual o crime?

Extraordinário o cinismo de setores da grande imprensa. A revista Veja, por exemplo, célebre por sua “isenção e objetividade” –aplicadas numa versão muito peculiar de ambas as qualidades--, abriga um colunista que se dedica ao esporte do tiro ao alvo –na semana passada praticou tiro ao negro. Faz um grande sucesso transgredindo algumas regras básicas do jornalismo civilizado. Nada original. A grosseria sempre foi um filão fecundo para a exploração comercial e a difusão de valores anti-democráticos. Sobretudo a grosseria chique, blasé, arrogante, elitista e pseudo-intelectual. O clichê da direita continua vendendo: por que mudar? A idéia não é essa? Vender e desmoralizar os adversários sem direito de defesa? Pois a última rodada de linchamento, promovido pelo arguto escriba com aquele conhecido requinte de sadismo --que se compraz em apontar dedos para sentir-se puro e afirmar-se superior--, atingiu MV Bill e Celso Athayde. Simplesmente, repita-se, porque recorreram a uma empresa para representá-los em um contrato com uma editora. Essa empresa, anos depois, tornar-se-ia objeto de denúncias e investigações. Que responsabilidade poderiam ter, em qualquer eventual ilícito por ela cometido, aqueles que negociaram com ela, honestamente, licitamente?
O mais inacreditável vem agora: sabem quem tem contratos com a tal empresa? A editora Abril, que publica a revista Veja.

Ora, de duas uma: ou todos os que negociaram com a tal empresa tornaram-se automaticamente cúmplices dos ilícitos que ela porventura tenha cometido, e nesse caso a editora Abril é tão culpada quanto os cidadãos que ela acusou; ou ninguém pode ser acusado pelas possíveis faltas cometidas por terceiros, só por ter mantido alguma relação contratual, de forma lícita, com o suposto faltoso. Neste último caso, aqueles que a revista acusou merecem desculpas públicas.

Essa conclusão é tão clara que mesmo o mais parcial e astucioso dos jornalistas teria de admiti-la. E teria a obrigação moral de divulgá-la. Mas falar em moral nesse ambiente envenenado pela ideologia e a manipulação arbitrária não faz mesmo sentido. Nosso debate público anda tão pobre e sujo que mesmo o gesto mais abjeto acaba naturalizado. Ainda bem que existem os políticos para encarnar todo o mal. Se não fosse assim, teríamos de discutir ética pública a sério, sem bodes expiatórios.

Parece claro que a hipótese de Bill vir a ser candidato ao Senado, mesmo sendo fantasiosa, foi suficiente para despertar a cólera desonesta dos que mal conseguem disfarçar o racismo e o ódio –e/ou inveja-- que sentem do sucesso de uma liderança popular legitimamente construída e de enorme potencial mobilizador. A doença paranóica do controle contagia. Use sua desconfiança com moderação.


Luiz Eduardo Soares

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Nota à Imprensa das supostas empresas fantasmas

Leia abaixo a nota da R. A. Brandão
Produções Artísticas, Guanumbi Produções
e Eventos Ltda. e Sibemol Produções e
Eventos Ltda , enviada hoje (23/7) à imprensa.



Tendo em vista as recentes matérias veiculadas no jornal ” O Globo ” e na revista ” Veja ” ( edições de 19, 20, 21, 22 e 23 de julho de 2009 ), vimos destacar os seguintes pontos:

1. As Sociedades R.A. Brandão Produções Artísticas, Guanumbi Produções e Eventos Ltda. e Sibemol Produções e Eventos Ltda. estão devida e regularmente constituídas e registradas, exercendo suas atividades com as autorizações pertinentes;

2. Ditas Sociedades, ressalte-se, atuam há anos no ramo de produção de eventos, entretenimento e representação, gozando de excelente reputação e conceito em suas áreas, notadamente pela excelência e padrões de qualidade dos serviços prestados;

3. À título de ilustração, merecem destaque os projetos ” Viradão Cultural “, em junho de 2009 ( em parceria com a Rede Globo, com a realização de shows com grandes artistas ), ” Show do Reveillon no Piscinão de Ramos “, em dezembro de 2008 ( também em parceria com a Rede Globo ), representação artística para fotos na revista ” Playboy “, em 2009 ( Editora Abril S/A ), representação artística para apresentação no espetáculo musical do projeto ” Itaú Brasil “, em agosto de 2008 ( Banco Itaú S/A ), organização e produção do primeiro exemplar do livro ” Rede Panamericana de CTI’s “, em 2006 ( custeado pela Unesco ), representação artística para show em Luanda – Angola ( para a Construtora Norberto Odebrecht ) dentre inúmeros outros, com as mais variadas empresas privadas de renome e grande porte;

4. Em todos esses anos e por tais eventos, as mencionadas pessoas jurídicas jamais foram alvo de qualquer medida, ação ou investigação judicial ou criminal, pois sempre honraram e cumpriram os contratos firmados;

5. Por oportuno, frise-se, as quantias e pagamentos destacados nas reportagens em tela encontram-se em total consonância com os valores praticados no mercado;

6. Assim sendo, não resta alternativa às empresas ora signatárias a não ser repudiar veementemente as inverídicas, infundadas e ofensivas acusações desferidas.

R. A. Brandão Produções Artísticas

Guanumbi Produções e Eventos Ltda.

Sibemol Produções e Eventos Ltda.

NOTA DE ESCLARECIMENTO




Com relação à citação do nosso nome pela revista Veja, na coluna "O hip hop da Petrobras" de Diogo Mainardi esclarecemos que a edição de nosso livro "Falcão: Mulheres e o Tráfico" não teve nem tem nenhum envolvimento da Petrobras, o verdadeiro alvo da publicação.

Seguindo normas do mercado, recorremos à uma produtora privada legalmente estabelecida ( a R.A. Brandão Produções Artísticas ) na qual não temos nenhuma participação societária ou financeira, para nos representar junto a uma editora privada legalmente estabelecida ( a Objetiva ), num processo que não envolveu dinheiro público.

Como se sabe, empresas especializadas representam os artistas nas atividades ligadas a direitos autorais, arrecadação e encargos. Assim como não nos cabe acompanhar o relacionamento dos nossos fornecedores com terceiros, não faz o menor sentido estabelecer qualquer conexão entre essas partes.

Toda a documentação contratual, inclusive declaração de imposto de renda fruto desse contrato, está à disposição de eventuais interessados.


MV Bill e Celso Athayde

quinta-feira, 25 de junho de 2009

RACISMO NO BRASIL... NA PRÁTICA.



Lucrecia Paco

Fazia tempo que eu não sentia tanta vergonha. Terminava a entrevista com a bela Lucrécia Paco, a maior atriz moçambicana, no início da tarde desta sexta-feira, 19/6, quando fiz aquela pergunta clássica, que sempre parece obrigatória quando entrevistamos algum negro no Brasil ou fora dele. “Você já sofreu discriminação por ser negra?”. Eu imaginava que sim. Afinal, Lucrécia nasceu antes da independência de Moçambique e viaja com suas peças teatrais pelo mundo inteiro. Eu só não imaginava a resposta: “Sim. Ontem”.

Lucrécia falou com ênfase. E com dor. “Aqui?”, eu perguntei, num tom mais alto que o habitual. “Sim, no Shopping Paulista, quando estava na fila da casa de câmbio trocando meus últimos dólares”, contou. “Como assim?”, perguntei, sentindo meu rosto ficar vermelho.
Ela estava na fila da casa de câmbio, quando a mulher da frente, branca, loira, se virou para ela: “Ai, minha bolsa”, apertando a bolsa contra o corpo. Lucrécia levou um susto. Ela estava longe, pensando na timbila, um instrumento tradicional moçambicano, semelhante a um xilofone, que a acompanha na peça que estreará nesta sexta-feira e ainda não havia chegado a São Paulo. Imaginou que havia encostado, sem querer, na bolsa da mulher. “Desculpa, eu nem percebi”, disse.

A mulher tornou-se ainda mais agressiva. “Ah, agora diz que tocou sem querer?”, ironizou. “Pois eu vou chamar os seguranças, vou chamar a polícia de imigração.” Lucrécia conta que se sentiu muito humilhada, que parecia que a estavam despindo diante de todos. Mas reagiu. “Pois a senhora saiba que eu não sou imigrante. Nem quero ser. E saiba também que os brasileiros estão chegando aos milhares para trabalhar nas obras de Moçambique e nós os recebemos de braços abertos.”

A mulher continuou resmungando. Um segurança apareceu na porta. Lucrécia trocou seus dólares e foi embora. Mal, muito mal. Seus colegas moçambicanos, que a esperavam do lado de fora, disseram que era para esquecer. Nenhum deles sabia que no Brasil o racismo é crime inafiançável. Como poderiam?
Lucrécia não consegue esquecer. “Não pude dormir à noite, fiquei muito mal”, diz. “Comecei a ficar paranoica, a ver sinais de discriminação no restaurante, em todo o lugar que ia. E eu não quero isso pra mim.” Em seus 39 anos de vida dura, num país que foi colônia portuguesa até 1975 e, depois, devastado por 20 anos de guerra civil, Lucrécia nunca tinha passado por nada assim. “Eu nunca fui discriminada dessa maneira”, diz. “Dá uma dor na gente. ”

Ela veio ao Brasil a convite do Itaú Cultural, que realiza até 26 de junho, em São Paulo, o Antídoto – Seminário Internacional de Ações Culturais em Zonas de Conflito. Lucrécia apresentará de hoje a domingo (19 a 22/6), sempre às 20h, a peça Mulher Asfalto. Nela, interpreta uma prostituta que, diante de seu corpo violado de todas as formas, só tem a palavra para se manter viva.

Lucrécia e o autor do texto, Alain-Kamal Martial, estavam em Madagáscar, em 2005, quando assistiram, impotentes, uma prostituta ser brutalmente espancada por um policial nas ruas da capital, Antananarivo. A mulher caía no chão e se levantava. Caía de novo e mais uma vez se levantava. Caía e se levantava sem deixar de falar. Isso se repetiu até que nem mesmo eles puderam continuar assistindo. “Era a palavra que a fazia levantar”, diz Lucrécia. “Sua voz a manteve viva.” Foi assim que surgiu o texto, como uma forma de romper a impotência e levar aquela voz simbólica para os palcos do mundo.

Mais tarde, em 2007, Lucrécia montou o atual espetáculo quando uma quadrilha de traficantes de meninas foi desbaratada em Moçambique. Eles sequestravam crianças e as levavam à África do Sul. Uma menina morreu depois de ser violada de todas as maneiras com uma chave de fenda. Lucrécia sentiu-se novamente confrontada. E montou o Mulher Asfalto.

Não poderia imaginar que também ela se sentiria violada e impotente, quase sem voz, diante da cliente de um shopping em um outro continente, na cidade mais rica e moderna do Brasil. Nesta manhã de sexta-feira, Lucrécia estava abatida, esquecendo palavras. Trocou o horário da entrevista, depois errou o local. Lucrécia não está bem. E vai precisar de toda a sua voz – e de todas as palavras – para encarnar sua personagem nesta noite de estréia.

“Fiquei pensando”, me disse. “Será que então é verdade? Que no Brasil é difícil ser negro? Que a vida é muito dura para um preto no Brasil?” Eu fiquei muda. A vergonha arrancou a minha voz.



Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI78162-15228,00-ENTAO+E+VERDADE+NO+BRASIL+E+DURO+SER+NEGRO.html

sábado, 20 de junho de 2009

COTAS

O sistema de cotas e a sociedade pós-racial

Eu sou a favor. Você é contra. E assim vai se construindo o debate que tem como pano de fundo a substituição dos atuais programas sobre cotas raciais, por um programa unificado que vem sendo discutido no Congresso Nacional.

O referido programa prevê 50% de cotas em todas as universidades públicas do país, mas sem divisão por segmentos. Esta discussão é praticamente desconhecida do grande público, por mim inclusive, mas vamos escurecer um pouco a questão.

É fundamental que haja algum grau de paridade entre a formação e inserção dos negros na sociedade. Pra mim é inconcebível que nós, fiquemos esperando passivamente as soluções chegarem. Já esperamos muito. Estamos esperando desde 1888, e as soluções não chegaram.

Os que são contra as cotas raciais dizem que devemos continuar esperando pela melhoria no Ensino de Base para que assim, possamos nos qualificar para a entrada no Ensino Superior. Mas esperar até quando?

Estão sendo pensadas e praticadas formas concretas de reparar uma política social que anteriormente se pautou sim, pelo recorte racial. Nessa discussão, existem aqueles que dizem que o conceito de raça foi cientificamente superado e que a luta deve ser por uma sociedade pós-racial.

Não sou defensor da política racial americana, do apartheid ou mesmo do antagonismo entre brancos e negros, não busco revanchismo, preconceito, ou o que possa ter ligação com essa idéia, mas o fato é que, sobretudo, não quero a manutenção do preconceito atual, e se nada de concreto e imediato for feito para possibilitar que o negro ascenda socialmente, continuaremos sempre nos vangloriando de nosso país mestiço, da mistura e da convivência pacífica entre cidadãos de todas as cores.

Não vamos negar o racismo que sempre existiu e que existe em nosso país. Quem tem a tonalidade de pele preta sabe com absoluta certeza que há preconceito racial sim, e não é preciso grande esforço para provar isso.

Se com as cotas o preconceito “aparecer”, garanto aos senhores que para nós não será muito diferente do que já é, e acho que vale a pena comprar o pacote, já que dessa vez viria algo de bom: os negros ocupando parte das cadeiras nas salas de aula das universidades federais.

No geral sou contra as cotas, e a maioria dos negros que conheço também são, mas enquanto elas forem necessárias como reparo de injustiças históricas e enquanto não me apresentarem outro mecanismo real e factível de inserção dos negros na sociedade, sou a favor.



Celso Athayde

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Seleção Reis da Rua excursiona na Europa com os Harlem Globetrotters

Hoje, dia 19 de maio, Carlinhos Soul, Alves e Leandro Discreto, atletas da Seleção Brasileira de Basquete de Rua, os Reis da Rua, viajaram para a Europa para excursionar com os Harlem Globetrotters.

O time de basquete mais famoso do mundo teve seu primeiro contato com o basquete de rua do Brasil na turnê de 2008, quando as equipes de basquete de rua da Cufa abriram as apresentações dos norte-americanos no Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal. Os HGT imergiram no universo da cultura de Rua e puderam sentir um pouquinho da irreverência desta modalidade esportiva e sua popularidade em nosso país.

A relação frutificou e agora são os Reis da Rua que vão conhecer o universo dos Globetrotters.

De 19 a 27 de maio, certamente a agenda desses atletas vai bombar. Jogos e viagens, poucas horas de sono e muitas historias para contar na volta para casa!! Sem falar que estarão ao lado dos ídolos do basquete mundial na França e na Espanha.

Fique por dentro deste intercâmbio através do site dos Reis da Rua.
Link: http://www.reisdarua.com.br/.

E em Junho eles se encontram nas quadra da Liibra levando muito basquete-arte pra platéia!!!!!

Só podia ser a Cufa!

Via: http://www.cufa.org.br

DIA DA AFRICA!

A África durante o seu milenar processo histórico estabeleceu relações comerciais e políticas com diversos povos, paralelo a isso, também foi invadida e saqueada por outros tantos. Porém, nada se compara com a partilha européia estabelecida através da Conferência de Berlim em 1885; quando os europeus iniciaram um processo de ocupação que teve consequências trágicas para o continente africano e que seus reflexos são sentidos até hoje.

Feito isso, os africanos reagiram de diferentes formas e com táticas distintas, além de iniciar o seu processo de descolonização no pós-guerra. Mas é na diáspora africana, precisamente na América do Norte e Caribe que intelectuais negros elaboraram o pan-africanismo, doutrina de caráter internacionalista que pregava a união de todos os povos negros na África e na diáspora.

Movido por esse ideal, em 25 de Maio de 1963, na Etiópia, diversos líderes africanos criaram a Organização da Unidade Africana. A OUA tinha como objetivos, promover a solidariedade e a unidade dos Estados africanos, defender sua soberania e erradicar todas as formas de colonialismo existente na África.

Em 2001 a OUA mudou para União Africana (UA), que além de manter as mesmas propostas da OUA, criou um Parlamento pan-africano e pretende instituir um banco e um tribunal interafricano de justiça, além de um exercito único e uma moeda comum.

O Brasil, muito embora possua dimensões continentais, diferente dos africanos conseguiu construir sua unidade política e federativa, no entanto, a maioria da sua população que é constituída de descendentes de africanos, ainda é tratada como se estrangeiros fossem em seu próprio país. Diante disso os poderes executivo, judiciário, e sobretudo o legislativo, têm o desafio de criar dispositivos jurídicos capazes de promover a integração das populações descendentes de africanos no seu processo produtivo e assim, repararmos a violência histórica à qual essa população foi submetida durante 358 anos em nosso país.

A Assembleia Legislativa da Bahia, através da sua Comissão de Promoção da Igualdade (CEPI), sintonizada com as reivindicações demandadas pela população negra do Estado da Bahia, está empenhada para que no dia 20 de novembro próximo, seja sancionado o Estatuto Estadual da Promoção da Igualdade Racial e assim, disponibilizar um instrumento jurídico capaz de implementar as políticas públicas de promoção da igualdade que a população negra exige e que o Estado deve dar respostas. Feito isso, teremos outros motivos para comemorar o 25 de maio, Dia de África, promovendo políticas de inclusão para o que de mais africano temos na Bahia – o seu Povo e a sua Cultura.


Por: Bira Corôa - Dep. Estadual - PT/BA

quarta-feira, 6 de maio de 2009

DVD LIIBRA 2008



É isso aí amigos amantes do basquete de rua, atletas e artistas...
está nas ruas o DVD com o melhor da Seletiva Estadual de Basquete de Rua em 2008.
Sim, rappers, bboys, grafiteiros, Cross e skatistas... claro, todos os times e atletas estão nessa grande festa das ruas.
Lindão, lindão... o DVD produzido pela EFX Produções (Jonas Pires), trabalho de primeira!!!!!

vale a pena.
Um grande aperitivo para a LIIBRA 2009 que vem aí em Julho!!!!!!!!!!!!!!!!!!

mande um e-mail para:
billy.hiphop@hotmail e peça o seu DVD SEBAR 2009!!


É a CUFA!!!!!
é a LIIBRA!!!!

Mutirão da Cufa revitaliza biblioteca comunitária José Marques de Lima



No dia 1ª de maio a Central Única das Favelas do Maranhão realizou um mutirão na biblioteca da escola comunitária José Marques de Lima no bairro Vicente Filaho. O Objetivo do mutirão foi adequar o espaço para receber as 500 obras e o mobiliário que faz parte do Kit Ponto de Leitura, adquirido pela CUFA em parceria com a escola no I Concurso Pontos de Leitura edição machado de Assis do Ministério da Cultura.

A entrega do kit está prevista para acontecer em maio, ainda sem data confirmada.A Cufa realiza um segundo mutirão no próximo sábado dia 9 para finalizar revitalização do espaço. A idéia é inaugurar a biblioteca no dia 15 de maio a partir da 9h com atividades para as crianças.

Quem quiser participar como voluntário e tenha experiência como contador de história, arte educador, teatro de bonecos ou mesmo sem experiência em trabalho em bibliotecas e comunidades, entre em contato com a CUFA MA, através dos emails: karlanamsousa@hotmail.com ou para billy.cufa@yahoo.com.br ou pelos telefones 8856-1583 ( Lucileide ) e 8872-8404 (Karlana)

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cufa participa de Seminário para debater atividade cineclubista em São Luís


A Central Única das Favelas do Maranhão participa do Seminário Circuito em Construção para a Auto-sustentabilidade Cineclubista que será realizado hoje e amanhã, 29 e 30 de abril, das 14h às 19h, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho (Rua do Giz – Centro), em São Luís. O coordenador do cineclube Crioula, Alexandre Bruno Gouveia, é um dos convidados da mesa redonda “ Cineclubismo no Maranhão: troca de experiências”.

O evento é organizado pela ONG Cineclube Tela Brasilis, do Rio de Janeiro, com recursos do Fundo Nacional de Cultura, e está sendo realizado em todos os estados brasileiros com o objetivo de reunir representantes das associações do gênero e demais interessados em cinema para discutir o fomento e a divulgação do audiovisual em circuitos alternativos, nos âmbitos estadual e nacional

A etapa local do seminário é organizada em parceria com o Cineclube Casarão 337, de São Luís, que representou o Maranhão no Seminário Nacional Circuito em Construção, ocorrido em 2008, no Rio de Janeiro. Além da mesa redonda, a programação também conta com palestras, debates, grupos de trabalho, oficinas e exibições.

A palestra de abertura será proferida por Eduardo Ades, da ONG Tela Brasilis, do Rio de Janeiro, que apresentará ao público os objetivos do projeto Circuito em Construção. Ele também vai discorrer sobre direitos autorais, tema de fundamental importância para a atividade cineclubista. Igualmente estará no encontro o presidente do CNC, Claudino de Jesus, que vai apresentar informações sobre a prática na atualidade, com a palestra “Cineclubismo no Brasil e ações do Conselho Nacional de Cineclubes”.

Além do Cineclube Crioula, projeto da Cufa Ma, participam também do evento o cineclube Casarão 337, Cineclube da Aliança Francesa e o Cineclube Estação de Caxias-MA. Para o coordenador do Cine Crioula, Alexandre Bruno Gouveia, “o debate é importante para troca experiências com outras iniciativas cineclubistas. Além de ser um momento importantepara buscar parcerias”.

O cineclube crioula é um projeto mantido pela Central Única do Maranhão com a parceria da Associação dos Moradores da Vicente Fialho e do empresário Paulo Renato que disponibilizam espaço e equipamentos para as exibições semanais.
O Cine Crioula é filiado ao Conselho Nacional de Cineclubes.


Seminário Circuito em Construção para a Auto-sustentabilidade Cineclubista

Quando: 29 e 30 de abril de 2009
Horário: 14h às 19h
Local: Auditório da Casa da FESTA, do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho (Rua do Giz - Praia Grande)
Entrada franca

Programação


Dia 29/04

14h – Credenciamento;
14h30min- Abertura - Apresentação do Projeto “Circuito em Construção”, com Eduardo Ades, representante da ONG “Tela Brasilis”;
15h – Mesa-redonda - Cineclubismo no Maranhão: Troca de Experiências
Mediador: Augusto Maia – advogado e cineclubista
- Eduardo Júlio – jornalista e cineclubista - Cineclube Casarão 337;
- Gisele Bossard – jornalista e cineclubista - Cineclubes da Baixada;
- Júnior Magrafil – cineclubista - Cineclube Estação (Caxias-MA);
- Emilie Jacament – Diretora da Aliança Francesa (São Luís - MA), Cineclube Aliança Francesa;
- Alexandre Bruno Gouveia – Diretor do Núcleo de Audiovisual - Cineclube Cufa – MA.
16h15 – Debate

Intervalo

17h – Palestra – Cineclubismo no Brasil e ações do Conselho Nacional de Cineclubes, com o Presidente do CNC, Claudino de Jesus;
18h - Exibição do Filme “Pelo Ouvido” e discussão acerca do processo de produção do filme, com o diretor Joaquim Haickel.

Dia 30/04


14h30min às 16h30min - Oficina - Formatação de Projetos, com Daniel Moura Costa;

Intervalo


17h – Palestra – “Redes Locais de Parceria e Direitos Autorais”, com Eduardo Ades, representante da ONG Tela Brasilis;
18h – Mesa-redonda – “Circuito Alternativo de Exibição”
Mediadora: Luana Camargo, jornalista, cineclubista e pesquisadora.
-Renata Figueiredo – representante do projeto Maranhão na Tela;
-Mauro Santos – representante do projeto Cine Estrada;
-Betânia Pinheiro – representante do SESC – MA.
19h - Encerrament

terça-feira, 28 de abril de 2009

MV BILL FALA...

RIO - MV Bill nunca procurou a batida perfeita, ele preferiu a porrada bem dada. Incansável Mensageiro da Verdade, ele anuncia seu primeiro DVD, uma mistura de rap e rock, um novo CD e um livro sobre a Cidade de Deus. MV Bill não tira férias, nunca descansa, segue o lema "Falcão não dorme, nem cochila." Ele elogia a expulsão do tráfico da CDD, mas cobra a presença do poder público e denuncia que o Bope ainda não abriu mão de velhas práticas que desrespeitam a comunidade.

O CD "Causa e efeito" vai ser lançado em junho ou julho com raps compostos no final de 2008 e começo deste ano. Bill mantém sua postura de denúncia política e social:

- A faixa-título é uma síntese de tudo que vem acontecendo dentro do país que causa o desequilíbrio social, desde problemas raciais à má interpretação de policiais que entram numa comunidade sem distinguir quem é quem. Fala também das ocupações (de favelas) que se mostram ineficazes se não houver outros tentáculos governamentais junto com a polícia nessas operações - conta ele em entrevista da sede da Central Única das Favelas na Cidade de Deus.

" A junção do rap com o rock não é nova, não quero reinventar a roda, mas para mim é novo "

O último livro dele com Celso Athayde, ''Mulheres e o tráfico'' inspirou a faixa "Mulheres..."

- A música conta a história de três mulheres diferentes baseada no livro. A gente ficou muito tempo respirando nesse ambiente e me senti na obrigação de compor uma música dividida em três partes: a primeira fala de uma mulher que perde seu filho, invertendo a lógica de que os filhos é que deviam enterrar os pais e, no caso, são os pais que enterram os filhos. A segunda parte fala de uma das meninas que prestam serviços de sexo oral dentro da favela, especificamente para os meninos do tráfico, conhecidas como boqueteiras. E a terceira fala do abandono da questão penitenciária no lado feminino que, se há um abandono no lado masculino, no lado feminino ele é três vezes maior.

O DVD "Despacho urbano" traz canções mais conhecidas em ritmo de rock com a banda A Ralé, que chegou ao Bill através do Sinatra, um motorista de táxi que ele chama de o maior roqueiro da CDD.

- O Sinatra bota caixa de som na rua para ouvir Led Zeppelin, Guns'n'Roses e outros. Ele disse que conhecia uns caras brancos de classe média do bairro da Freguesia que pegavam minhas músicas e faziam outro instrumental com elas. Quando conheci vi que era além da brincadeira, trouxe eles para a CDD e começamos a ensaiar na rua. Todo mundo gostou do lance. A junção do rap com o rock não é nova, não quero reinventar a roda, mas para mim é novo - conta ele.

A produção ficou a cargo do pessoal de vídeo da Cufa com direção de Bruno Bastos. Nos extras estão todos os clipes já lançados por Bill. Ele considera o DVD atemporal, por isso não tem data certa de lançamento. O DVD foi gravado num ambiente fechado com a banda num cenário com "entidades das religiões afrobrasileiras marginalizadas."

MV Bill não se esquiva de nenhum assunto. Nos vídeos abaixo, gravados no teatro da Cufa, ele fala de drogas, corrupção, tráfico de drogas e de alguns projetos dele com Celso Athayde. Ouça com exclusividade a música "Mulheres..." e a faixa "Falcão" do DVD.



EXCLUSIVO: Veja a música 'Falcão' do DVD 'Despacho urbano' e Ouça 'Mulheres...' do CD 'Causa e efeito'



Fonte: O Globo

sexta-feira, 24 de abril de 2009

MASSACRE DE CARAJÁS, 13 ANOS.



Em 17 de abril de 1996 policiais militares promoveram o Massacre de Eldorado de Carajás, que ganhou repercussão internacional e deixou marca na história do país, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993), como uma das ações policiais mais violentas do Brasil. Em 2002, o presidente FHC instituiu essa data como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Passados 13 anos do massacre no Pará, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três conturbados julgamentos: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O MST - Movimento dos Sem Terra - montou dois acampamento no estado, para cobrar a condenação dos responsáveis pelo massacre e apoio às famílias sobreviventes, com encerramento das atividades no dia 17. Na Curva do S, em Eldorado de Carajás, 500 trabalhadores rurais participam das atividades do Acampamento da Juventude, a partir do dia 10. Em Belém, 600 pessoas estarão mobilizadas depois do dia 14.

“Estamos mobilizados para denunciar que depois de tanto tempo do massacre ninguém foi preso e as famílias ainda não foram indenizadas. Cobramos a indenização de todas as famílias e atendimento médico aos sobreviventes. Defendemos também um novo julgamento para impedir que a morte de 19 companheiros fique impune. Além disso, exigimos a Reforma Agrária para acabar com a violência contra os trabalhadores rurais”, explica o integrante da coodenação nacional do MST, Ulisses Manaças.

Em 2007, os trabalhadores Sem Terra conseguiram uma vitória parcial, com a indenização de 23 famílias que foram vítimas do massacre pela governadora Ana Júlia. No entanto, no ano passado o governo estadual promoveu soldados que participaram do Massacre. O Movimento cobra a indenização do total de 79 famílias, além da regularização do atendimento médico multidisciplinar aos feridos durante o massacre, que ficaram com balas alojadas pelo corpo.

“A gente lamenta essa mentalidade de grande parte dos juristas, que acha que a pessoa deve recorrer eternamente, pela chamada presunção de inocência. Esse processo acaba gerando impunidade total e absoluta” afirma o promotor de Justiça do caso, Marco Aurélio Nascimento.

O advogado Carlos Guedes, que acompanhou o caso desde abril de 1996 até o último julgamento, em maio de 2002, acredita que a Justiça ainda não resolveu o caso. Guedes também alerta que existem dois tipos de responsabilidades em relação ao massacre que a Justiça tem de levar em consideração: as responsabilidades criminal e política.

“Se todos os que foram denunciados, desde o coronel Pantoja até o último soldado, tivessem sido condenados, isso por si só seria insuficiente. Outras pessoas tiveram participação decisiva no massacre, como o governador (Almir Gabriel), o comandante geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública (Paulo Sette Câmara). Estes sequer foram envolvidos no caso”, contesta o advogado.

Na opinião dos sobreviventes do massacre e dos advogados do MST, a justiça ainda não veio. As pessoas mutiladas, assim como as 13 viúvas que tiveram seus maridos executados naquele dia, ainda não receberam indenizações. Tanto para o coordenador nacional do MST no Pará, Charles Trocate, quanto para os mutilados do massacre, o Estado foi o culpado pelo incidente.

“A cultura da violência gera a cultura da impunidade. Carajás evidenciou um problema em proporções maiores, mas o Estado não foi capaz de criar instrumentos que corrigissem isso. Primeiro se negou julgar e condenar o governador, o secretário de Justiça e o comandante geral da PM. Segundo, nestes 13 anos, não foi produzida nenhuma condenação porque é o Estado que está no banco dos réus”, afirmou Trocate.

O 17 de abril foi marcado como dia internacional da luta das lutas dos camponeses, em homenagem à luta pela terra pelos camponeses de Carajás e de todas as partes do mundo. Todos os anos, a Via Campesina realiza mobilizações nesse período do ano para cobrar o julgamento dos responsáveis pela violência no campo e pela realização da Reforma Agrária.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Se o Bill se candidatasse, 37% dos jovens votariam no Rapper

Por Fernanda Quevedo

Se Bill fosse senador, seria o mais jovem da história do Brasil

A pesquisa encomendada pela CUFA – Central Única das Favelas revelou que 37% do eleitorado jovem do Estado do Rio de Janeiro, votaria em MV Bill, um dos fundadores da organização. A pesquisa realizada pelo IBPS – Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, foi motiva pelas declarações de Caetano Veloso, na comemoração do aniversario do Rio de Janeiro, na Cidade de Deus, que aconteceu em 1º de Março deste ano. Veja o vídeo AQUI.

A pesquisa de caráter exploratória e qualitativa foi realizada por telefone com 1.100 entrevistados em todo o Estado do Rio de Janeiro, com amostra distribuída proporcionalmente ao eleitorado das regiões do Estado (Capital, Região Metropolitana e Interior). A margem de erro é de 3% e o período de realização foi de 06 a 10/03/09.

O IBPS também revela que 58% dos entrevistados conhecem MV Bill, e os jovens de 16 a 24 anos o “conhecem muito”. Os jovens representam 14% do eleitorado do Rio de Janeiro (cerca de 1.587.000 eleitores até 24 anos). 36% dos entrevistados têm dele uma imagem "ótima" ou " boa" contra apenas 3% que têm dele uma imagem "ruim" ou "péssima". A imagem dele é "ótima" ou "boa" para 50% dos jovens (16-24 anos).Entre os que ganham até 2 salários mínimos, a imagem dele é positiva em 40%.


Bill na Cidade de Deus: lugar onde nasceu e mora até hoje

27% dos entrevistados (cerca de 2.124.000 eleitores, acham que ele deveria se candidatar a Deputado Federal e 7% (550.000 eleitores) acham que ele deve se candidatar a Senador.

Considerando o eleitorado total do Estado do Rio em Janeiro de 2009 = 11.239.771, descontada uma taxa média de votos não-válidos (abstenção, branco e nulo) de cerca de 30%, o que dá um total de votos válidos equivalente a 7.867.839).

Caso ele se candidate a Deputado Federal, 23% dos entrevistados (cerca de 1.809.000 eleitores)declararam que votariam nele com probabilidade "muito grande" ou "grande". Caso ele opte pelo Senado, são 19% (cerca de 1.494.000 eleitores) os que declararam que votariam nele. Entre os jovens o percentual é de 37% de intenção de voto. Quando indagados sobre o partido pelo qual MV Bill deveria se candidatar, 10% dos entrevistados declararam ser o PT, 3% o PV, 3% PDT e 3% o PMDB. 74% dos entrevistados consideram "muito importante" ou "importante" que no Congresso Nacional exista um representante das favelas.

CUFA-MA SE EXPANDINDO

Opa aparti de agora, esse é o espaço pra vocês saberem tudo que rola na Cufa de Imperatriz, com coordenação de Walber Browne e do MC Profeta.