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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cufa participa de Seminário para debater atividade cineclubista em São Luís


A Central Única das Favelas do Maranhão participa do Seminário Circuito em Construção para a Auto-sustentabilidade Cineclubista que será realizado hoje e amanhã, 29 e 30 de abril, das 14h às 19h, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho (Rua do Giz – Centro), em São Luís. O coordenador do cineclube Crioula, Alexandre Bruno Gouveia, é um dos convidados da mesa redonda “ Cineclubismo no Maranhão: troca de experiências”.

O evento é organizado pela ONG Cineclube Tela Brasilis, do Rio de Janeiro, com recursos do Fundo Nacional de Cultura, e está sendo realizado em todos os estados brasileiros com o objetivo de reunir representantes das associações do gênero e demais interessados em cinema para discutir o fomento e a divulgação do audiovisual em circuitos alternativos, nos âmbitos estadual e nacional

A etapa local do seminário é organizada em parceria com o Cineclube Casarão 337, de São Luís, que representou o Maranhão no Seminário Nacional Circuito em Construção, ocorrido em 2008, no Rio de Janeiro. Além da mesa redonda, a programação também conta com palestras, debates, grupos de trabalho, oficinas e exibições.

A palestra de abertura será proferida por Eduardo Ades, da ONG Tela Brasilis, do Rio de Janeiro, que apresentará ao público os objetivos do projeto Circuito em Construção. Ele também vai discorrer sobre direitos autorais, tema de fundamental importância para a atividade cineclubista. Igualmente estará no encontro o presidente do CNC, Claudino de Jesus, que vai apresentar informações sobre a prática na atualidade, com a palestra “Cineclubismo no Brasil e ações do Conselho Nacional de Cineclubes”.

Além do Cineclube Crioula, projeto da Cufa Ma, participam também do evento o cineclube Casarão 337, Cineclube da Aliança Francesa e o Cineclube Estação de Caxias-MA. Para o coordenador do Cine Crioula, Alexandre Bruno Gouveia, “o debate é importante para troca experiências com outras iniciativas cineclubistas. Além de ser um momento importantepara buscar parcerias”.

O cineclube crioula é um projeto mantido pela Central Única do Maranhão com a parceria da Associação dos Moradores da Vicente Fialho e do empresário Paulo Renato que disponibilizam espaço e equipamentos para as exibições semanais.
O Cine Crioula é filiado ao Conselho Nacional de Cineclubes.


Seminário Circuito em Construção para a Auto-sustentabilidade Cineclubista

Quando: 29 e 30 de abril de 2009
Horário: 14h às 19h
Local: Auditório da Casa da FESTA, do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho (Rua do Giz - Praia Grande)
Entrada franca

Programação


Dia 29/04

14h – Credenciamento;
14h30min- Abertura - Apresentação do Projeto “Circuito em Construção”, com Eduardo Ades, representante da ONG “Tela Brasilis”;
15h – Mesa-redonda - Cineclubismo no Maranhão: Troca de Experiências
Mediador: Augusto Maia – advogado e cineclubista
- Eduardo Júlio – jornalista e cineclubista - Cineclube Casarão 337;
- Gisele Bossard – jornalista e cineclubista - Cineclubes da Baixada;
- Júnior Magrafil – cineclubista - Cineclube Estação (Caxias-MA);
- Emilie Jacament – Diretora da Aliança Francesa (São Luís - MA), Cineclube Aliança Francesa;
- Alexandre Bruno Gouveia – Diretor do Núcleo de Audiovisual - Cineclube Cufa – MA.
16h15 – Debate

Intervalo

17h – Palestra – Cineclubismo no Brasil e ações do Conselho Nacional de Cineclubes, com o Presidente do CNC, Claudino de Jesus;
18h - Exibição do Filme “Pelo Ouvido” e discussão acerca do processo de produção do filme, com o diretor Joaquim Haickel.

Dia 30/04


14h30min às 16h30min - Oficina - Formatação de Projetos, com Daniel Moura Costa;

Intervalo


17h – Palestra – “Redes Locais de Parceria e Direitos Autorais”, com Eduardo Ades, representante da ONG Tela Brasilis;
18h – Mesa-redonda – “Circuito Alternativo de Exibição”
Mediadora: Luana Camargo, jornalista, cineclubista e pesquisadora.
-Renata Figueiredo – representante do projeto Maranhão na Tela;
-Mauro Santos – representante do projeto Cine Estrada;
-Betânia Pinheiro – representante do SESC – MA.
19h - Encerrament

terça-feira, 28 de abril de 2009

MV BILL FALA...

RIO - MV Bill nunca procurou a batida perfeita, ele preferiu a porrada bem dada. Incansável Mensageiro da Verdade, ele anuncia seu primeiro DVD, uma mistura de rap e rock, um novo CD e um livro sobre a Cidade de Deus. MV Bill não tira férias, nunca descansa, segue o lema "Falcão não dorme, nem cochila." Ele elogia a expulsão do tráfico da CDD, mas cobra a presença do poder público e denuncia que o Bope ainda não abriu mão de velhas práticas que desrespeitam a comunidade.

O CD "Causa e efeito" vai ser lançado em junho ou julho com raps compostos no final de 2008 e começo deste ano. Bill mantém sua postura de denúncia política e social:

- A faixa-título é uma síntese de tudo que vem acontecendo dentro do país que causa o desequilíbrio social, desde problemas raciais à má interpretação de policiais que entram numa comunidade sem distinguir quem é quem. Fala também das ocupações (de favelas) que se mostram ineficazes se não houver outros tentáculos governamentais junto com a polícia nessas operações - conta ele em entrevista da sede da Central Única das Favelas na Cidade de Deus.

" A junção do rap com o rock não é nova, não quero reinventar a roda, mas para mim é novo "

O último livro dele com Celso Athayde, ''Mulheres e o tráfico'' inspirou a faixa "Mulheres..."

- A música conta a história de três mulheres diferentes baseada no livro. A gente ficou muito tempo respirando nesse ambiente e me senti na obrigação de compor uma música dividida em três partes: a primeira fala de uma mulher que perde seu filho, invertendo a lógica de que os filhos é que deviam enterrar os pais e, no caso, são os pais que enterram os filhos. A segunda parte fala de uma das meninas que prestam serviços de sexo oral dentro da favela, especificamente para os meninos do tráfico, conhecidas como boqueteiras. E a terceira fala do abandono da questão penitenciária no lado feminino que, se há um abandono no lado masculino, no lado feminino ele é três vezes maior.

O DVD "Despacho urbano" traz canções mais conhecidas em ritmo de rock com a banda A Ralé, que chegou ao Bill através do Sinatra, um motorista de táxi que ele chama de o maior roqueiro da CDD.

- O Sinatra bota caixa de som na rua para ouvir Led Zeppelin, Guns'n'Roses e outros. Ele disse que conhecia uns caras brancos de classe média do bairro da Freguesia que pegavam minhas músicas e faziam outro instrumental com elas. Quando conheci vi que era além da brincadeira, trouxe eles para a CDD e começamos a ensaiar na rua. Todo mundo gostou do lance. A junção do rap com o rock não é nova, não quero reinventar a roda, mas para mim é novo - conta ele.

A produção ficou a cargo do pessoal de vídeo da Cufa com direção de Bruno Bastos. Nos extras estão todos os clipes já lançados por Bill. Ele considera o DVD atemporal, por isso não tem data certa de lançamento. O DVD foi gravado num ambiente fechado com a banda num cenário com "entidades das religiões afrobrasileiras marginalizadas."

MV Bill não se esquiva de nenhum assunto. Nos vídeos abaixo, gravados no teatro da Cufa, ele fala de drogas, corrupção, tráfico de drogas e de alguns projetos dele com Celso Athayde. Ouça com exclusividade a música "Mulheres..." e a faixa "Falcão" do DVD.



EXCLUSIVO: Veja a música 'Falcão' do DVD 'Despacho urbano' e Ouça 'Mulheres...' do CD 'Causa e efeito'



Fonte: O Globo

sexta-feira, 24 de abril de 2009

MASSACRE DE CARAJÁS, 13 ANOS.



Em 17 de abril de 1996 policiais militares promoveram o Massacre de Eldorado de Carajás, que ganhou repercussão internacional e deixou marca na história do país, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993), como uma das ações policiais mais violentas do Brasil. Em 2002, o presidente FHC instituiu essa data como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Passados 13 anos do massacre no Pará, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três conturbados julgamentos: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O MST - Movimento dos Sem Terra - montou dois acampamento no estado, para cobrar a condenação dos responsáveis pelo massacre e apoio às famílias sobreviventes, com encerramento das atividades no dia 17. Na Curva do S, em Eldorado de Carajás, 500 trabalhadores rurais participam das atividades do Acampamento da Juventude, a partir do dia 10. Em Belém, 600 pessoas estarão mobilizadas depois do dia 14.

“Estamos mobilizados para denunciar que depois de tanto tempo do massacre ninguém foi preso e as famílias ainda não foram indenizadas. Cobramos a indenização de todas as famílias e atendimento médico aos sobreviventes. Defendemos também um novo julgamento para impedir que a morte de 19 companheiros fique impune. Além disso, exigimos a Reforma Agrária para acabar com a violência contra os trabalhadores rurais”, explica o integrante da coodenação nacional do MST, Ulisses Manaças.

Em 2007, os trabalhadores Sem Terra conseguiram uma vitória parcial, com a indenização de 23 famílias que foram vítimas do massacre pela governadora Ana Júlia. No entanto, no ano passado o governo estadual promoveu soldados que participaram do Massacre. O Movimento cobra a indenização do total de 79 famílias, além da regularização do atendimento médico multidisciplinar aos feridos durante o massacre, que ficaram com balas alojadas pelo corpo.

“A gente lamenta essa mentalidade de grande parte dos juristas, que acha que a pessoa deve recorrer eternamente, pela chamada presunção de inocência. Esse processo acaba gerando impunidade total e absoluta” afirma o promotor de Justiça do caso, Marco Aurélio Nascimento.

O advogado Carlos Guedes, que acompanhou o caso desde abril de 1996 até o último julgamento, em maio de 2002, acredita que a Justiça ainda não resolveu o caso. Guedes também alerta que existem dois tipos de responsabilidades em relação ao massacre que a Justiça tem de levar em consideração: as responsabilidades criminal e política.

“Se todos os que foram denunciados, desde o coronel Pantoja até o último soldado, tivessem sido condenados, isso por si só seria insuficiente. Outras pessoas tiveram participação decisiva no massacre, como o governador (Almir Gabriel), o comandante geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública (Paulo Sette Câmara). Estes sequer foram envolvidos no caso”, contesta o advogado.

Na opinião dos sobreviventes do massacre e dos advogados do MST, a justiça ainda não veio. As pessoas mutiladas, assim como as 13 viúvas que tiveram seus maridos executados naquele dia, ainda não receberam indenizações. Tanto para o coordenador nacional do MST no Pará, Charles Trocate, quanto para os mutilados do massacre, o Estado foi o culpado pelo incidente.

“A cultura da violência gera a cultura da impunidade. Carajás evidenciou um problema em proporções maiores, mas o Estado não foi capaz de criar instrumentos que corrigissem isso. Primeiro se negou julgar e condenar o governador, o secretário de Justiça e o comandante geral da PM. Segundo, nestes 13 anos, não foi produzida nenhuma condenação porque é o Estado que está no banco dos réus”, afirmou Trocate.

O 17 de abril foi marcado como dia internacional da luta das lutas dos camponeses, em homenagem à luta pela terra pelos camponeses de Carajás e de todas as partes do mundo. Todos os anos, a Via Campesina realiza mobilizações nesse período do ano para cobrar o julgamento dos responsáveis pela violência no campo e pela realização da Reforma Agrária.