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terça-feira, 13 de abril de 2010

O rap de arco, flecha e cocar


Eles vivem na segunda maior reserva indígena do país, cantam rap misturando guarani e português, uma inusitada mistura que soa diferente aos ouvidos num primeiro momento, mas logo depois você se acostuma e fica bem interessante essa mistura genuinamente brasileira.

Estou falando do grupo Brô, um grupo de jovens indígenas, Eles Vivem na Aldeia Jaguapiru, em Dourados – MS. A Reserva possui hoje mais de 30 mil habitantes e esses jovens, através das oficinas de hip hop ministradas pelo MC Higor Marcelo, do grupo Fase Terminal, se identificaram com as letras de protesto do rap nacional e decidiram criar seu próprio estilo com composições em português e em sua língua nativa.

No começo era só mais uma lição das aulas, mas depois que viu as letras, Higor decidiu que o rap dos meninos não poderia ficar confinado àquela aldeia, ele tinha que ganhar o mundo e foi assim que surgiu o projeto do primeiro cd de um grupo de rap indígena do Brasil.

Em dezembro foi o lançamento do cd, no festival Conexão Hip Hop, realizado pela CUFA Dourados e os meninos, minutos antes de subir no palco estavam apreensivos, ansiosos, com medo até de esquecer a letra, mas segundo eles, foi só subir no palco que tudo passou, foram muito aplaudidos pelo público local e no fim todo mundo queria saber de onde vinham aquelas palavras incompreensíveis aos nossos ouvidos, eles só diziam “é a língua verdadeira do Brasil”.

Hoje as poucas cópias feitas de maneira artesanal já andam pela cidade de Dourados e alguns lugares do país, instigando e encantando aqueles que curtem o rap e também por aqueles que se interessaram por esse modo novo de cantar a realidade de onde eles vivem, o amor, o protesto.

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